Essa belezinha se trata de um varietal de Cabernet Franc, vinho fino tinto seco produzido, pela antiga Sociedade Cooperativa Vinícola Rio-Grandense, em Caxias do Sul / RS. A referência baseada na data de produção do vinho, é a placa de madeira indicando sua safra, de 1951.
Os primeiros vinhos foram encontrados enterrados há mais ou menos 25 anos, e transferidos para uma cave, onde estiveram guardados por esses longos anos.
As garrafas de vinho devem ser armazenadas horizontalmente para garantir que a rolha permaneça úmida. Isso impede que a rolha resseque e permita a entrada de oxigênio, que pode oxidar o vinho.
“Uma cave bem projetada é crucial para garantir que os vinhos envelheçam adequadamente e atinjam seu potencial máximo de sabor.”
Degustação
No entanto, apreciar um vinho antigo requer cuidados específicos para garantir que suas qualidades sejam plenamente apreciadas. Ao adquirir vinhos com essa idade, a recomendação dos especialistas é que não abra a garrafa de imediato, uns 7 dias já é o suficiente para estabilizar a bebida.
Em 2018 alguns enólogos decidiram abrir uma garrafa para analisar as condições do vinho. Por se tratar de um vinho antigo, a rolha da garrafa provavelmente estará bem danificada, e retirá-la, não é o recomendado, será necessário usar uma Tenaz do Porto.
Vinhos antigos frequentemente possuem sedimentos que se formam ao longo dos anos. A bebida deve ser colocada em um decanter de forma lentamente, deixando o líquido escorrer pelas paredes do utensílio. Decantá-los não só remove esses sedimentos, mas também permite que o vinho respire e se abra após anos de confinamento na garrafa.
Para decantar um vinho antigo, comece por posicionar a garrafa verticalmente um dia antes de abrir, permitindo que o sedimento se assente no fundo. Quando for decantar, faça isso lentamente e sob uma luz, para que possa ver quando o sedimento começa a se aproximar do gargalo, interrompendo a decantação nesse ponto.
A degustação deve ser feita logo após que separar os resíduos, e ir acompanhando a evolução do vinho a cada taça, tornando essa experiência ainda mais brilhante. E detalhe, a degustação deve ser feita sem harmonização, numa temperatura entre 16 a 18°C.
Pode-se imaginar a emoção desse grupo de colegas em desvendar o segredo histórico de um vinho produzido a pouco mais de seis décadas. Para a surpresa deles, a bebida tinha uma cor atijolada, ocasionada pelos seus quase 70 anos, e um brilho encantador.
Ao degustar, pode-se perceber a presença incrível de notas de frutas maduras e outros aromas identificados na bebida.
Com sua divulgação e posteriormente a comercialização, descobriram outras garrafas rotuladas pela Vinícola, e fazendo análise sensorial, constataram que se tratava de garrafas de outra safra de 1955.
É uma experiência incrível, poder degustar um vinho nacional e com uma data longínqua, porém algumas observações devem ser consideradas, vinhos antigos não tem as mesmas semelhanças de vinhos novos.
O vinho, em sua essência, é uma bebida viva, e como tal, envelhece e evolui com o passar do tempo. Vinhos antigos são um verdadeiro tesouro para enófilos e colecionadores, oferecendo uma complexidade e profundidade de sabores que somente os anos podem proporcionar.
Conclusão
Degustar um vinho antigo é uma experiência única e gratificante, uma viagem através do tempo. Cada garrafa conta uma história, moldada pelo solo, clima, e cuidados de seu vinicultor. Seguindo esses procedimentos, você garantirá que essas histórias sejam ouvidas em sua plenitude, proporcionando uma experiência de degustação memorável e respeitosa ao legado do vinho.
Em suma, os vinhos antigos merecem um trato reverente, desde sua conservação até o momento final de degustação. Com paciência e atenção aos detalhes, é possível desfrutar de todo o esplendor que essas preciosidades líquidas têm a oferecer.
“Convenhamos, o Brasil tem o potencial para a elaboração de vinhos de longa guarda.”
